sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Suor
Teu suor nao diz nada
Minha boca sem significado
Resume em poucas horas
Encontro de corpos planejado
Só o presente trespassado
De dor fina na carne castanha
Penetrada pela penumbra
Da casa deserta
Com suas paredes frágeis
Ouvidos de mercado a contar histórias
Daqueles que aqui estiveram
Sem alcançar o gozo
Vindo da boca nao tocada
Protegida contra o futuro
Temeroso de surgir algo mais
Sem perceber que é parte do suor que escorre.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Desistir
A espera de papel branco
Mas ele não chega
É meio - dia
Só a certeza
Mesa vazia
Pratos a secar
Janelas abertas
Nem vem o vento
É desistir
Descansar
Vem outro dia
Tem o silêncio
Ausência eterna
Tempo a passar
Sem Fuga
Afundo o corpo em colchões finos
Jogados sobre o chão dessa sala
Cujas janelas fechadas encobrem insanos
Fugindo da tua lembrança
Desligo a mente pensativa
Fica o corpo, animal antigo
Na procriação protegida
Fugindo da tua lembrança
Faço a música cobri as paredes
Varro a poeira por debaixo da porta
Dobro os lençóis
Fugindo da tua lembrança
Acabo indo em direção ao passado
Desenterro imagens
E no fim, não há como fugir.
Céu de concreto
Zona proibida pelos palavras sagradas
Que tu alcançou
Silenciosamente seguiu a paz
Calmaria cinza escondida na noite
Da cor do asfalto que acolheu teu desespero
Bebendo teu sangue novo
Salgado a face dos que ama
Sem chance de despedida
Na tentativa de te prender
Te reerguer em direção ao verde
Afastado pelos anos do teu olhar
Compreendido por poucos
Que agora te carregam para a eternidade
Destes dias sem sentido
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Límpida e minúscula a refletir
Os raios da amanhecer lá fora
O vento que afasta a poeira
Para debaixo do tapete xadrez
Sobre o piso branco
Manchado dos dias seguidos
Um atrás do outro
Cegos para gota singela
Pequena e discreta a exprimir vontade
Que pensará ter ido
Mas que robusta volta
Junto com o retrato em preto e branco
Desenhado sobre o fundo azul
Que ninguém pode tocar.
Neste caminho de pedras de pontas agudas
A riscar de sangue a planta de meus pés
Que atravessam a distância segura
Existindo para salvar os olhos do frio do tempo
Insistente em congelar os pensamentos
Lembranças pairando sobre os cobertores verdes
Moradores de fronhas delicadas em tom de azul
Confidentes de quimérias perdidas
Numa cidade velha, ficanda ao Sul.
domingo, 24 de agosto de 2008
Ou talvez apenas sedados
Pelos goles de vinho as 3 da manhã
Acordados pelo café forte
E não mais com sonhos intactos
Dilacerados pela verdade do outro
Aquele que faz um caminho nada profundo
Onde um túnel superficial
Mesmo cheio de luzes, não leva a lugar algum
Além do próximo corpo nu
Desconhecidos em bares coloridos
Sem significado na noite barulhenta
De rostos sorridentes a esconder melancólia
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Mil léguas
Logo vc, a mil léguas do meu olhar
Ocupa cada centímetro desde pensamento
Fazendo o corpo trêmulo
O peito apertar e ficar pequeno
Arranca o choro
Nem podes notar a lágrima descer
Sair correndo em fuga já não posso
Crescerá sem nada poder deter
E fica a sensação: fui imperfeito
Nada corrigi esse erro
Que acredito, estive a cometer
Encoberto pelo desejo de ti ter
Tanto pressa?
Logo você, a mil léguas de distância
É o segundo nessa vida que amo
Mais um que nada dirá
A quem tanto quero só carícia entregar
Acenos
Do "boa noite" após a madrugada
Saber das tuas passadas no cascalho antigo
Como foi teu entardecer
A distância não te apaga
Pois tão perto estive e pude te ver
Queria ter sido perfeito
E assim, entre tantos ser eleito
Cobrindo -te de bem - querer
Não apenas uma noite no leito
Minha mão para ti a se estender
Sendo muito mais que corpos
Uma busca dia a dia
Sem pressa de te conhecer
E, no entanto, fora outra tua escolha
Perto do teu toque
Ao lado de quem este caminho podes percorrer
Ficarão guardados num baú os beijos que te dei
Algo faltou, nunca descobrirei
E, tu, não ouvirás que por ti me apaixonei
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Aprendizado
O gosto forte e salgado
Lábios e olhos num vermelho vivo
O soluçar a sufocar o ar
Assim, o peito arfante
Tingi a face de dor silenciosa
Escondida pelas mãos de dedos longos
Antes do sol chegar
Anunciando o continuidade do ontem
Congelado em forma de lágrima
Que lhe atravessa a pele
Molhando o chão
Secando a alma
Em despedida ao impossível
Que fora tido
Mas se perdeu...
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Fonte
Por tempo indeterminado
Colorido ao meu lado
Minha fonte de palavras
Cores misturadas no pincel
Enchendo as paredes de tantos tons
O vermelho e amarelo do crepúsculo
O azul forte do meio - dia, vendo o sol crescer
O negro intenso da madrugada, às vezes fria
Dentre tantos os mais belo
É castanho tocante do teu olhar
Que deixa um vazio quando se vai
E é tudo assim que chega
Passadas
Outras um sorriso
E sempre é você
Acordando -me às três da manhã
Procuro saber se algo teu chegou
Ver se por aqui passou
Deixando a hora marcada
Com canetas invisíveis
Em telas de cristal
Presas a fios de metal
Você passou
Então, sorrir
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Brevidade
Outras em mim
Esperando o que há de vir
Assim, o dia passa lento
Uma máquina trás vento
Mesmo com janelas fechadas
Que a poeira encharca
As horas ficam leves
As imagens breves
E nada há que fazer
A não ser aceitar
Quem saber uma carta há de chegar
E, então, tudo perceber
Para não acabar
A descoberta
Sem poder pronuciá -lo
Se o gritar não ouvirá
O deixará guardado então
Escrito em papel pardo
Num caixinha de joías
Como uma história que não contará
Dentro de um caderno que não abrirá
sábado, 2 de agosto de 2008
Um dia em 2002
Ou abra para mim uma janela
Deixe – me perceber a cor da luz
Atravessar o corredor até seu quarto
E permitir que se complete o 1º ato
Que os sonhos não suplantem os fatos
E o frouxo laço vire um nó
Nos esqueçamos do que é ficar só
Para nos encontrarmos no sonhos teus
Pra que tu fique nos braços meus
No amanhecer desse dia nublado.
O perdedor
Agora tudo a ti pertence
Toda a vida, todo o afeto
Os olhares ternos e sinceros
As palavras
Parabéns, vencedor
Parabéns pelo que ganhou
Teus olhos irradiam alegria
Tua alma é fervor
Então, em minha triste solidão
Enxergo sorrisos enquanto choro
Minha alma é apenas um sopro
Não há mais vida nestes olhos
Parabéns vencedor, para ti os prêmios
Para mim decepção e dor
Escondo – me em meu antro escuro
Fecho os olhos
As horas passam e espero pelo fim
Pelo meu fim
Mas como queria ver tua dor
Ver tua alma despedaçada
Como queria nunca os ver
Parabéns vencedor, viva.
Ainda sem nome
Apenas as mãos trêmulas
A distância imensa
A vontade de saber o que pensas
Talvez o ame e nem saiba
O coração palpita
O sonho ele invade
Nos pensamentos ele quem cabe
Apesar da céu sem limites
Do mar a ir e voltar
Que traz a calma
Lava a alma
Tem ele a ficar
Num desenho preto e branco
Em recados curtos
Há um sentimento sem nome
Que acabou de começar
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Pena de Anjo
Dai-me uma pena de tuas asas
Com elas escreverei ternas palavras
Alçando teus sonhos ao infinito
Discorrer sobre o tempo
Criando amores e mitos
Com parte da vida tão tua
Debaixo de gotas de chuva
Apreciando o brilho cálido do luar
Iluminando teus passos
Deixando marcas onde chegar
És jovem anjo
Não há quem não perceba
Dentro de ti tanta grandeza
Ela
A rasgar o peito quieto
Neste dia deserto
Onde quase tudo é incerto...
Há não ser o que passou..
Lembranças de um dia puro
Do abraço amigo e seguro
Sorrisos para não esquecer
Aquecendo o dia frio
Esperando amanhecer..
Mudança
O vento vem leva as pegadas,
E a lembrança não feneceu
Fica a vontade, coisa tão louca querendo tudo repetir
Trazer de voltar a alegria e nada ver partir
Mas ja é tarde, não há mais tempo
De segurar o que sobrou
Fica então só o lamento
Atravessando o pensamento
Daquilo que tanto brilhou
Apaga luz, perder as chaves
Agora tudo modificou
Teu sonho
Fora breve a visita
A casa que um dia foi tua
Mas o encontro está bem guardado
Em retratos de sorrisos não revelados
Na alegria feita de presente
É carinho, só nao sabes porque sente
Aparecendo no seu sono
Fazendo festas num belo sonho
Prevendo o que há de vir
Vendo nas estrelas uma amizade surgir.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Encomenda
Algobelo e cheio de pureza a procurar
Não é tão simples alcançar o que tu queres
Tanto há para revelar
Curar feridas com marca de dor
Abrir olhos, acreditar
Caminhos traçados neste papel incolor
Fios da vida para entrelaçar
E devagar fica a tecer
Para com um sorriso amanhecer
Um amor para encontrar
Tendo como mapa o teu olhar.
Às escondidas
Encantou -se com a voz suave
Estremeceu com a pele leve
Desejo em seus olhos sinceros
Queria -o sinceramente
Nao por longos dias
Um beijo apenas
Horas breves numa bela noite
Queria - o verdadeiramente
Num segundo encontro despreocupado
Sem pressa, ficar abraçado
Só o agora, sem o amanhã que há de vir
O quis sem demora
A deixou, foi embora
Tudo mudou, o querer virou história
Restou a memória
Pronomes
Sobre ti menos ainda
Sobre eles nem a metade
A VIDA
Para mim é uma leve brisa
Para ti é chuva fina
Para eles é tempestade
A BUSCA
Em mim vontade
Em ti liberdade
Neles, realidade
Manchas
Linhas espaçadas sobre está brancura
Descobrindo sentimentos vividos às escuras
Medo que seja sonho ou loucura
Na esperança que se repita
Gravar tudo com forte tinta
Pedindo que nunca minta
Que pegue na mão e sinta.
Estória
Faço de teu olhar meu caminho
Da tua boca minha palavra
Do teu corpo minha estrada
Assalto teu baú de retratos
E revelo teu sorriso largo
Então, me transformo em saudade
Querendo ter querer com força e vontade
Usar teus braços para alcançar a liberdade
Fazer do desejo real verdade
Ocupando os espaços vazios no sono
Esperando que sejas eterno o novo
Traço jovem sobre os riscos passados
Por hora és imaginação, és quimeria, um achado.
Indagações para o novo
Será a brisa leve de outrora?
Quem sabe do que há de vir
Trilhas desconhecidas para seguir
Contando com os ponteiros todas as horas
Assim a distância a medir
Sentindo as lágrimas quando for embora
Medo discreto a surgir sem demora.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Conhecendo
Teu álbum velho de lembranças
Mergulharei fundo no teu mundo
Com braçadas para alcançar o outro lado
Te conhecer sem que percebas
Nos olhos dos que já passaram
Nas palavras dos ainda presentes
E no que dissestes guardo no eterno
E, assim, a cada dia te encontro
Mesmo quando não estais lá
sábado, 12 de julho de 2008
Piso molhado
Tuas pegadas sobre o piso limpo
Trazendo a chuva que te lavou
E o dia que deixastes lá fora
Escondido atrás dos relâmpagos
A cortar a gota que te molhou a face
Emoldurada por um sorriso de contentamento
De quem nas águas tudo de ruim deixou
Título?
Fica a dor dá tua imagem
Marca no olhos castanhos
A fitar a tela sem cores
Recheada de saudade
Das conversas noturnas
Tão jovem a amizade
Coberta por um nevoeiro, se foi.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Corrente
Talvez uma folha seca
Levada pela brisa fria
Ou então, um silêncio sepulcral
Poucas cores, tudo igual
Na estrada, só passagem, sem estadia
O céu, logo, desbotaria
Seria ilha sem visitante
Uma alma só, triste e errante
Penumbra silenciosa
Desconhece a intimidade
Na escuridão o silêncio
Querendo o gemido em liberdade
Ela teve o corpo
Mas recebeu só a metade
Tanto carinho
Findo na realidade
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Fortaleza
A ofertar carinho doce e plácido
Invadindo vidas sem perceber
Acompanhando com força os sonhos que venhamos a ter
Nele és como fortaleza, pessoa de rara beleza
Amiga sincera a nos acolher
Obs: O "I", substituiu o "Y"
Confiança
Unidos por linhas imaginárias
Crescente e que nos faz presente acompanhando os sóis
Intrigados com a confiança surgindo, mesmo sem o olhar
Acalentando a dor, dividindo o amor que faz tudo passar
No momento em que precisamos de alguém
Almas trazendo esperança, guardando cada som na lembrança
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Descrição
No pesar ele me traz a leveza
Na dúvidas é única certeza
E destrói a lágrima, filha da tristeza
Nele vejo tanta presteza
Por isso é como o mar
Indo e vindo a te embalar
Nascente
Entre jogos divertidos
Respondendo pequenos gracejos
Na noite ou no dia
Alcançando tanta alegria
Neste etéreo lugar
Dispostos a fortalecer
O laço, o traço, o abraço
Sem distância
Nos diga como o amor te tomou como lar
Aquecendo -se entre teus pequenos braços
Falando tantas palavras sinceras
Letras de um príncipe estrangeiro
Aquele que deve ser um exímio arqueiro
Verdadeiro e belo cavalheiro
Ilibado carinho vem lhe ofertar
Atráves da flecha certeira que a distância faz encurtar
Chances
Obteremos uma chance em seis
Obediente será a probabilidade
Haverá de nos fazer ganhar dessa vez
Passageira
Ultimamente, tendemos a desacreditar
Levadas pelo que passou
Imaginando que o bom não acontecerá
Ainda há muitos sorrisos escondidos
Nos encontros não vividos
Atravessar o mundo e se revelar
Oceano
Invertendo o relógio
Avista-nos além mar
Negociando com os livros
A chance de aqui estar.
Gratos
Unidos talvez para sempre ou só por hoje
Instigados a sorrir das palavras loucas
Leves, atravessando o momento
Hora que o relógio não pode marcar
Ela inexiste nesse mundo paralelo
Resposta a tão forte elo
Marcado por carinho singelo
Esperando te encontrar.
Impressão
Basta trocar palavras
Nenhuma resiste aos sorrisos
Esclarecedores da verdade
Refletora da realidade
Eleita
E nem é tão estranho percerber
Livres somos para escolher
Independente de onde estivermos
Pessoas que nos fazem sorrir
Eleitas entre as que estão aqui
Declaração
Um olhar demorado quanto você chega
Um sorriso iluminado ao te avistar
Um aperto de mão suado
Terno carinho para completar
Se me apaixono de alguma forma vou avisar
Escrevendo bilhetes de bom dia
Esperando sua saída e te acompanhar
Ouvir todas as tuas histórias
Guardando teu sorriso na memória
Conhecer tuas quedas e tuas glórias
Se me apaixono, ei de me declarar
Mensagens no meio da noite
Finalmente, um buquê
Um convite para passear
Tentado a cada novo dia te conquistar
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Biografia
Nascida banhada em sangue materno
Numa hora qualquer do mês de março
No ano bissexto de número um
Começo e final do zodiáco
Guardando um poucos dos anteriores
Virando assim um inteiro de multiplicidades
Segurando as maos amigas pelo eterno
Passageira da estrada aberta
Alçando vôo com ajuda do metal
Para ver o mundo apartir do céu
E com clareza falo
Contando de sentimentos caros sem medo
Mas que podem assustar
Aos que entendem singelas palavras, fica carinho
Àqueles que se perdem nos próprios olhos, nem saudade.
domingo, 6 de julho de 2008
Mensagem
A música leva as mágoas recentes
Esvanece as dores passadas
E o corpo e mente só têm tempo para ser alegrar
sábado, 5 de julho de 2008
Tudo bem
O final completamente aceito
Apesar do pranto no peito
A soluçar o nome de alguém
Nas noites insones no leito
Sem apagar o que foi feito
Sabendo que não mais o tem.
Chaves perdidas
Ondas engolem a areia da praia
Sal e grãos a construir cofre inviolável
Ficam as chaves perdidas la dentro
Senha para outra tentativa
Mas, depois do temporal pouco restou
Apenas a caixa com sentimentos
Presos ao ontem que não esvanece
Relembrando o olhar que não esquece
Sem encontrar tudo que merece..
Eternidade
Única realidade
A maior verdade que há aqui
Que se apresenta nas mâos geladas
No corpo trêmulo apesar de mil sois
A garganta fecha, o peito aperta
Toda beleza repousa em ti
E nesses olhos tanto bem querer
Quem nem tempo verá morrer
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Anseios em Azul
Talvez eterno nos dias que passam
Na espera que o entardecer revele mensagens
Cheias de anseio já tão exalado
Cunhado na tela azul em itálico
Em frases curtas repleta de ardor
De rubro a aquecer -lhe os dedos
A excitar a mente distante
Inebriada de tempo não vivido
No ensaio do possível
Quando a penumbra cobre os corpos
E ficam as sombras do que foi o dia
Dando lugar ao que poderá ser
Entre as faces conhecidas a olhar
Guardado
Mesmo depois de tantos sonos
Sonhos ainda ti trazem aqui
Para debaixo das cobertas
Ficando ao meu lado
Quando os trovões cortam o céu
O medo forte me invade
Entrego - me a segurança dos teus braços
Que sinto a envolver meu corpo
Então o pavor passa
Abro os olhos, não estas por perto
Senti só o amor que deixastes
Isto é certo, e foi tão belo
Perfume
Até que o soluço lhe rompa a garganta
Enquanto as mãos percorrem a roupa esquecida
Repleta do perfume tão conhecido
A invadir esta sala vazia
Carregado o vivido de outrora
Que ainda lhe impregna a retina
Lente banhada de saudade
Tão viva quanto o sentimento presente
Escorrendo -lhe entre os dedos
Alcançando o chão sem poeira
A aguentar a verdade: foi-se desta cidade
Claridade
Volta a angústia
Assalta tudo
Carrega o pouco restante
Esvaziando os envelopes
Segredos revelados
Quem ficaram sem nom
Porque já é tarde para contar
E encantar jovens amantes
Com o júbilo sentindo
Antes da luz se apagar
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Não há amor
Há carinho presente
Sorriso feito de lembranças
Gotas de um desejo
Forte como a chuva lá fora
Atravessando a rua com pressa
Em busca da grandeza do mar
Não há amor pelo próximo
Talvez um aperto no coração
Um olhar cálido para o tempo
Palavras doces no papel branco
Sobre a escrivaninha a arrumar
Não há amor pelo próximo
Quem sabe o ciúme infantil
Mãos saudosas da segurança sentida
Entre as ruas desconhecidas daquele lugar
Com seu ar frio e aconchegante
Não há amor pelo próximo
Há o amado
Perdido na estrada distante
Alcançando sonhos na tarde quente
Rompendo as janelas dos olhos sedentes
Sem deixar nada faltar
Momento
Ficamos assim calados
Tento todo o tempo para olhar
Memorizar as linhas da face
Ver a marca dos anos no rosto
Guardar entre os dedos a textura da pele
E trocar sorrisos, afagos, devagar
Para nos reconhecermos no futuro
Fazendo desse presente o melhor passado
Que poderei levar para as noites solitárias
Sem amargura, nem tristeza
Cheias da tua sincera beleza
A me embalar
Nas nuvens
Nas mãos macias e de dedos longos
Entrelaçadas até o anoitecer
Deste dia bendito com ar de eternidade
Gravado pelo carinho na alma simples
Invadida pela felicidade do encontro
Duradouro, vindouro, a chegar
Apesar das horas curtas que passam
Que para longe a estão a levar
Com força tornando tudo vivo
Entre as nuvens atravessadas
Pelas telas coloridas
Iluminando todas as noites no novo lugar
Lembranças para sempre a durar.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
De Mãos Dadas
Assim não me perco entre o concreto
Pelas ruas centrais deste bairro deserto
Envolto em sons que já não ouço mais
Queremos um mapa para encontrar a morada
Dos tecidos que deixei para trás
Alçancar os papéis com marca d'água
Registro de tanto já feito
A busca do quase perfeito
Tijolos para construir um sereno leito
Nessa noite a procura de paz.
Entreaberta
A procura do colo descoberto
Repouso quente e pulsante
Acolhendo as mãos trêmulas
Ansiosas, tímidas, desejando
Declarações sinceras
Ela sabe que ele vem, e espera
E se perfuma como uma flor
O corpo o chama
A boca cala
Ele se entrega, depois se vai
E fica a porta entreaberta
Voltar, não mais.
Sem sono
Terá outro compromisso?
Outros olhos onde repousar sua mãos soníferas
Deixando imagens de um passado distante
Um futuro incerto, um presente fulgraz
Nas mentes acordadas, ociosas
A construir castelos de cartas
A jogar palavras ao tempo
Marcado pelo relógio sem corda
Que parou as 15 para as 3h.
terça-feira, 17 de junho de 2008
luzes
Sob a luz fraca que tentar mostrar os rostos
Dos postes altos na ruas vazias
Os toques de sapatos ecoando distante
Vozes sussurando atrás dos muros
E tudo isso, de olhos fechados
Corpo descansado sobre a cama
Num sonho até o começo do amanhecer.
Amigo
Para que o banhe de lágrimas
Depois de sorriso
Encharque - o de beijo e te seduza
Leve-o, então, para debaixo dos lençois claros
Deixando as luzes acesas a revela -te a face
E tu veras o busto nu
Sentirá a pele arder
Assim, terei mais que teu ombro
E tu, terás mais que um sorriso.
Ouro de Minas
Erguidas num rio de sangue negro
Num vale frio e verde
Que no amanhecer a neblina esconde
Para revelar a estrada de pedra
Que levam a cachoeiras de água pura
Fontes desconhecidas das peles morenas
Buscando entre a multidão visitante
O olhar daquele que não se vai.
Suas lentes
Talvez o inverso do que tu vê
Porque não se sabe o que sentes
Quanto teus olhos piscam
Congelando aqueles que passam
Outros que ficam
A água que cobre a parede fina
Que virou lama derrubando o teto
Mostrando o céu pesado
Corpos amendrontados
Na espera que tudo vire passado.
Esquina da Vida
Deixem a Vida passar feia e triste
Vestida em trajes sumários
Chegar e parar numa esquina qualquer
Na vã esperança de que uma moeda prateada
Caia -lhe na palma da mão
Alimente seu corpo magro
Manchado pela ausência de pouco
Um pouco de pão, de água, de calor
E cheia, do cinza da fumaça
Do silêncio de quem passa
Sentindo-se só, em meio a desgraça.
Ontem
O ontem que definha lentamente
Olhando pela janela entreaberta pés correndo
Trôpegos atravessando a rua com pouca luz
Sentido o asfalto frio libertando pedrinhas pretas
Entranhando -se e marcando a pele lisa
Antes protegida por corpos ávidos de suor
Sob sussurros no quarto fechado
Tudo em descoberto.
Arte
Escrita dentro de um caleidoscópio
Cheias de espelhos, tentado explicar a vida
Assim lenta, assim calma, sempre seguido
Uniões refletindo olhares curiosos
Na tela antes incolor
Aquietam as almas
Outras vezes causam estupor
Mas, sempre, incita a dúvida.
Neblina
Enquanto o frio se despede
O luz vem marcando o fim do ontem
Subindo por entre os morros
E pés seguem, descendo as ladeiras
O ar escondendo a estrada negra
Tudo segue, o sol atravessa a neblina
Vai-se a noite, mas ainda há sono
Esperando um travesseiro limpo
Repousar os olhos
Relembrar a silhueta no amanhã
domingo, 8 de junho de 2008
Gota
Passos lentos em direção incerta
Para quem sabe encontrar
Uma flor branca
Em cujas pétalas
Doce odor se esconde
Mas impregna a gota que caí devagar
terça-feira, 3 de junho de 2008
Final
Foram -se os olhos castanhos
As palavras ternas
Nada de galanteios
Findou -se
Tantas, em tantos lados
Novos virão
Sem pressa
Chegarão
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Pseudo
Na procura sincera dos teus beijos de outrora
Na certeza plena que só sei te amar
E por mais que a saudade me assalte
Percorro cada carta tua outra vez
Para sorrir por saber -te ser só meu
domingo, 25 de maio de 2008
Asas
Seguindo lindos caminhos
Provando favos de mel
Brincando sobre as nuvens
Desmanchado aquele véu
Que sempre esconde teus olhos
Que de mim afasta o fel.
Aquecer
Para poder me aquecer
Em troca te dou o carinho
Que nunca irá esquecer
Pois quando tu chegar me alegra
E te faço feliz
Nosso amor não tem regra
E tudo que eu sempre quiz
Pedido de Permissão
No amanhecer a mesa posta
No entardecer um doce chá
No anoitecer o meu colo
A cama para desmanchar
Permita amá -la a cada hora
Cedinho teu cabelo pentear
Perfurmar teu corpo limpo
Olhando a renda branca
Escondida sob o vestido lindo
Arrumada para passear
Permita amá-la a cada hora
Escrever cartas singelas
Te dá as flores mais belas
Levar te pra junto de mim
Simplesmente de te cuidar.
No alto
Duas janelas azuis
É pro alto que a escada conduz
Os sons da rua
A reza em busca de luz
Ficando bem perto da lua
Letras sozinha produz
Às vezes, se entrega nua
Àquele que vem e seduz.
Você
Sua blusa vermelha
Seus olhos castanhos
Seu cabelo macio
Suas mãos longas
Seus dedos finos
E só vejo
Nem sinto
Debaixo do véu
Castanhos, calados, serenos
Seguindo teus passos
Deixe tudo em segredo
As luzes apagadas
Sinta apenas a pele quente
Para que nomes?
Se queres apenas um beijo
E depois ficam as lembranças
Despedidas breves
Certeza de ser tudo verdade
Debaixo do véu azulado
Sem janelas
Ouve minhas palavras
Que buscam a ti chegar
Atravessando essa cidade
Procurando te achar
Pois em ti fica a liberdade
Que tanto tento encontrar
Em mim a sinceridade
O tempo há de mostrar.
sábado, 24 de maio de 2008
Santa
Marca o passo dessa saudade
E nada espanta o beijo meu
Vou ser santa do lado teu.
Pequenino Amor
Perdido no azul que não é do mar
Sonhando teu sonho pra não acordar
Vivendo quieto pra não assustar
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Descrença
Mas se espero e não chegas, silencio
Quando chegas ouço teus pensamentos
Porém, pra ti, sou sem palavras
E, tendo assim uma estrada
Sigo sozinha sem tua mão
Desconfiado não me escutas
Na Ausência simples vê muito e então
Apago as luzes
Todos os nomes foram -se aos poucos do peito meu
Ficou a mágoa da descoberta
De que não sabes que sou só tua
Nada há de confiança
Vai embora a esperança
De amanhecer ao lado teu
Brevidade
Teu corpo encontrou o meu
E, no entanto, só lamento
Mais breve ainda, tudo perdeu.
Se acaso me quiseres
Não te quero mais
Procuro a paz na chuva fina
Quimera que se perdeu
Se acaso me quiseres
Já não estou aqui
Outro caminho irei seguir
A teu pedido, vou partir
Se acaso me quiseres
Procure no velho baú
O sorriso que restou
Na face tristeza tu deixou.
Intacto
Tanto espaço
Falto o abraço
Um beijo teu
Dia tão longo
Noite sozinha
E nos lençóis ninguém mexeu.
Dança
Juntas erguendo -se ao céu
Que bela dança
Caiu o lindo véu
Deixando livre a alegria
Sorrindo doce, feito crinça.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Descobertas
Tem começo a espera
Palavras inscritas em papel étereo
Sorrisos em tinta multicor
E uma vontade imensa
De pará os relógios
Atravessar os fios
Celebrar o encontro na multidão
Rosto antes desconhecido
Virando refúgio doce na noite
Portas fechadas, luzes apagadas
E, então, o peito aperta
A boca seca
O tempo não parou.
Mudança
Para depois escrever cartas saudosas
Palavras em formatos de lágrimas
Surgindo na cidade nova
Rodeada de um burburinho permanente
De sorrisos ainda não vistos
À procura de um afago solitário
Quando a lua chega brilhante
Anunciando o dia de amanhã.
domingo, 11 de maio de 2008
Conselheira
Ela ouve, querendo ser dele
Serena responde entre sorrisos
Esconde a mão
Sufoca o beijo
Ele quer conselho
Ela quer abraço
Ele quer resposta
Ela quer silêncio
E no fim a noite chega
Ele vai
Ela fica
Nem um afago
Pedido
Pense no agora
Estou ao teu lado
Braços abertos
Sorriso largo
Lágrima de alegria
Diamante a brilhar
Abra os olhos
Um anel te espera
Meu peito te busca
Para apagar essa angústia
Te fazer única
Quero te amar..
Menino Bonito
Cedo do dia te encontro e então
Apenas sorrisos aqui vão ficar
E o céu sempre lindo há de brilhar
Tão doce e sereno ter sua mão
Ouvir tuas palavras
Sinceras e raras
Que não são ditas em vão
Agora preciso me despedir
O sono já chega e devo partir
Mas levo de ti um doce pedaço
Teu rosto na mente feito de traços
Achado
Desse lugar chamado conhecimento
Enquanto ele mesmo é desconhecido, o não escolhido
Seguindo os passos entre paredes cinzas
Lendo as palavras nas páginas azuis
Azuis feitas de etéreo e lisas
O vê, no mundo real
O aprecia com calma num mundo paralelo
Solitário, rouba -lhes os sorrisos
Para guardar num baú chamado memória
E, na noite fria
Cria com as lembranças novas estórias.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Fantasma
Vê apenas um borrão sobre a tela inacabada
Manchas provocadas pelas gotas grossas
Misturando as cores antes nítidas
De vivas, tornaram -se sem forma
Mas a impressão ficou
Como vultos atravessando estradas escuras
Dentro de sonhos de crianças assustadas
Que fogem para debaixo das cobertas
Nas camas seguras de seus pais.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Pedaços
Outra metade partiu
Sabendo de toda verdade
Verdade que ficou sempre aqui
Metade é choro a noite
Outra ri sem saber
Sabendo que o dia já chegar
Que nada pode fazer
Metade ainda é metade
A outra inteira virou
Deixando pra trás só saudade
No peito de quem sozinho ficou
Olhar
E sentir o dia passado
A esperança voltando
Quem sabe para ficar
Gosto de te olhar
Vê o futuro mais calmo
Sentir um peito quieto
O calor retornar
Gosto de te olhar
Saber que é possível continuar
Que novas almas chegam para nos purificar
E você vem o dia alegrar.
sábado, 26 de abril de 2008
Era
Como o século que passou
Como a semente que virou planta
Como a planta que virou pó
Porém, ainda tem gosto
Sal forte vindo do mar
Onde as ondas não chegam
E por isso não levam
Não abrandam o ficar..
Assinalar
De 0 a 100 em três horas
De incerteza a casa gramada no centro de mundo
Caneta de tinta escura
Corpo transparente, fila para entrar
Uma hora para ficar
Três últimos irão o papel assinar
E afirmar que ninguém colou
Que ninguém burlou
Todos saíram com gosto de sal
Entre os dedos cheios de calos
Com as mentes limpas
E com os olhos presos no papel
Que novo logo virá.
Recortes
Comprou um revista
Cortou as fotografias
E contou a história com recortes
De estórias
Que se tornaram o real
Feito de cola e dissabor
Sem palavra
Nada de descrições
Apenas olhos em preto e branco, em cor
Remendos de passados em forma de presente perdido
Mãos dadas no começo dessa ida
Muitas chegadas e sem despedidas.
Divaga
Deixar sobre o caminho as palavras ditas
Na vã esperança de esquecer
Jogando sobre o chão molhado de tempo o passado
A vontade louca de um futuro seguro
Sem tantas idas, tantas voltas
Só um pouco de certeza do cheiro de café
Quando for sete horas.
sábado, 19 de abril de 2008
Sobrenome
Pode ser Sorte
Quem sabe Chance
Ou Tentativa
Expectativa
Acaso
Melhor, Dúvida.
Vida
Quanto vida no peito nu
Quanto sangue na veia grossa
Força contra a dor imposta
Sabes quando ela roça
Quando louca se encosta
Pra tentar te invadir
Buscando se redimir
Da lágrima que fez cair
E tu, com os teus braços
A afasta do seio teu
Segue, então, novo caminho
Sabendo que nada perdeu.
Navegar (para minha amiga Nayana)
Se tem alegria, tem teu riso
Se tem música, tens o compasso
E teu abraço é feito laço
Une a todos num peito só
Tanto carinho perto da lua
É atenção em frase curtas
Enquando o sono decidi vir
Divide a lágrima quando tristeza
Dá um afago se fica amargo
Constrói o chão se vem o sonho
E vamos todos num mesmo barco então
Chegar a portos, sair de novo
Fazendo de tudo pra renascer
Aí de mim
Espero quieta pela madrugada
Para por ti ser achada
Já que por ti me perdi
Sem sono, sem relógio
Sem parada
Procurando por você aqui
Tu chegas e não diz nada
Aproximo, afasto
E arrasto a ponta do vestido em ti
Desfaz essas linhas vermelhas
Preenche as horas negras desta noite
Não me faz pedir..
Esquecidas no tempo (para Diego Crispim)
Apesar dos livros sobre a mesa branca
Das folhas limpas sob o chão sem poeira
Do silêncio dentro das paredes verdes
Do dia cinza pedindo aconchego
Da chuva forte abrindo a janela
Talvez, estejam entre as cobertas desarrumadas
Quem sabe estiveram pertinho do mar
Em forma de espuma tocando a areia
Ou, esperando alguém chegar
E abrir os livros, riscar as folhas
Tocar os discos, banhar na chuva limpa
Desmanchar...
Abrigo
Descortina teu olhar
Desenlaça as mãos frias
Aceita teu desejo em pele branca
Desembaraça as pernas e anda
Em direção as gotas salgadas
Pois nada pode esperar.
Decisão
Tire as mãos da mesa
Deixe os textos inacabados
E use o carvão para esboçar o desejo
Assim, inscrito em teu olhar castanho fugidio
Apague as luzes!
Pegue as chaves
Siga o caminho até onde quer chegar
Atravessando com pressa a rua escura
Apague as luzes!
Grita o nome
Vá buscar.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Aviso
Se protegeria contra a saudade que ficará do beijo que ganhou
Se esconderia atrás das grossas paredes de argila do olhar terno e viveria
Fugiria e não teria os sonhos fazendo morada debaixo de lençóis brancos
Escaparia dos afagos fortes, cheios de desejo passageiro,
Mas que se eternizaria em sua pele, pois tanto os queria...
Dispersas
Ficam com fumaça, dispersa pelo vento
Um vento de nome tempo
Que nos mostram que tudo é passado
As poucos, elas viram cicatrizes
Fazendo eterna morada na vida de uns
Lembrando carinho que tanto se deu
E a reciprocidade que não aconteceu
Aos poucos, elas viram gotas
E tornam -se minúsculas num oceano de sorrisos que não são seus.
quarta-feira, 5 de março de 2008
A volta
Um tempo longe para futuro,
A minha ausência é por agora
E no teu peito fica meu mundo
Te tenho aqui junto de mim
O pensamento correndo solto
Te encontra enfim, tudo melhora
O corpo vai, a alma fica
Do lado teu, todas as horas
E se na dor, bate saudade
Também a mim a tristeza invade
Mas demores para sorrir
Porque o tempo a de correr
Contando os dias para eu partir.
Retorno
Trazendo nas mãos um pequena rosa sem espinhos
Que tirei para não te machucar
Com pétalas macias e avermelhadas
Duas folhas verdes a acompanhar
Ela é corada como tua face serena
Nem tão grande, nem tão pequena
Cabe certinho entre suas mãos
Assim como você cabe no meu coração: seu eterno lugar
Iluminando com a força das pequenas estrelas os cantos escondidos no amanhecer
Que vem correndo ao nosso encontro enquanto ela guias os insones pelos corredores de cristal
Em direção as camas ainda feitas a espera de moradores duvididosos
Desejando que os pensamentos esvaneçam dando espaço para um descanso
Nos curtos segundos em que a alma se esquece do corpo
Vagando incerta nas plumas do travesseiro repleto de segredos
Dificuldades
Busca no teu olhar um convite para a entrada
Querer conhecer teus pensamentos
Enquanto um sentimento cresce medroso as escondidas
Devia ser mais fácil seguir em frente
Sem ter medo das lacunas que ficam
Do novo que chega e ocupa todos os espaços
Devia ser mais fácil viver novos momentos
E neles não ter os mesmos rostos de outrora
Sorrindo pro sol de fim de tarde.
A fazer da imaginação realidade pura
Voltar para esse chão feito de terra e não de vontade
Confessa, que sempre há substitutos para a ausência
Que, às vezes, silêncio é sinal de despedida
Que o antigo perde beleza para o novo
Aceita, o cansaço desta presença se debela quando ela parte
E fica o alívio em forma de paz
terça-feira, 4 de março de 2008
Ausência
Os olhos o procuram,
Os dedos escrevem o nome sobre folhas brancas
E na garganta um choro preso querendo ficar livre
Para banhar a tristeza de lágrimas e curar a ferida que nasceu com sal,
Transformando as doces palavras escritas em borrões azuis
Incógnita
Quanta saudade me invade o peito
Ela só diminui se te encontrar..e eu não sei seu paradeiro.
Onde está o mapa que pode levar - me até vc, quais as pistas?
Precisa de senha para entrar na estrada que me aproxima de ti?
Será que terei de esperar em silêncio, sem poder dar os primeiros passos
E quieto esperar o tempo esquecer - se de mim, enquanto só consigo lembrar de vc...
Entrega
Dê uma hora do teu sono, que terás o melhor sonho
Entrega um pouco das tuas lembranças, que ouvirá verdadeiras histórias
Divida teu caminho, que encurtaras o tempo de caminhada
Segure a mão do teu bem -querer, que não se perderá na multidão
E assim, guardara a sensação doce da pele
A lembrança eterna teu abraço
Para onde estiveres, sorrir ao fechar os olhos
07/12/2001
Ainda não sabemos porque viemos
E ficamos nesse bar e nos embriagamos
Perdidos nas nossas verdades
Aceitando que somos metade
Do que eu e você podíamos ser
Jogando nossos corpos uns sobre os outros
Querendo está naquele lugar
Onde somos como o vento:
Desmanchamos a fumaça de tantos cigarros
Enfeitamos cabelos com flores
Sem precisar dizer “Adeus”.
1999
Coisas boas não se repetem
Estarão sempre presas ao instante de seu nascimento
Para morrer pouco depois e ressuscitar apenas nas mentes
Coisas boas não dizem adeus
Vão embora sem olhar para trás
E todos as seguem para nunca alcança-las.
Chances (2000)
Dei-me todas as chances de desistir de tua boca sobre meus lábios embriagados de sonhos
Perdidos no amanhecer de uma quarta-feira, que pode ser de cinzas ou pode ser de fogo
Dei-me todas as chances de trilhar um caminho seguro
Mas decidi pular nesse precipício sem fundo
E sentir o suor escorrendo quando meu olho encontra o teu
Dei-me todas as chances para fechar a porta
E fugi de casa à procura de tua alma
Que foi embora sem marcar no meu relógio o dia e a hora de sua volta
Dei-me todas as chances de gritar aos quatro ventos
Enchendo de ar estes pulmões
Mas acabei escrevendo algumas linhas de uma história que já foi contada
E esquecida por meio mundo e lembrada na minha e na tua rua
Dei-me toda as chances de olhar pro outro lado
De esquecer a beleza do teu rosto
A leveza do teu corpo
E a doçura da tua voz
E ao invés de ser “eu” quis ser “nós”.
Cinzas
Queima a pele e marca a alma
E trás para perto a certeza plena do que se foi
Deixando ao teu lado o que desejas
Fecha o olhos, e recolhe aos teus sonhos
O sorriso largo, o abraço forte, o afago que conquistastes
E diz depois que ficou a vontade grande de repetir
De pisar sobre aquelas pegadas refazendo o caminho
Voltando a está onde sempre quis...
Quero silêncio cheio de vento, trazendo pra perto esse doce perfume
Quero a força da chuva, lavando os pés descalços sobre a terra
Quero as lembranças guardadas no travesseiro, virando sonho
Quero o amanhecer azulado, me encontrar do teu lado
Depois, anoitecer com um sorriso nos lábios