sexta-feira, 7 de setembro de 2007

06/07/2001

Sem saber escrevemos cartas e elas foram para o lugar certo
As palavras não deviam chegar aquela parede escura
Nem toda aquela saudade devia se entregar
Se perder no meio da estrada
Temos todas as cartas dentro daquele baú verde
E elas disseram tudo e não podemos fazer nada
Percebemos a procura, a loucura, a ânsia desenhada do começo ao fim do texto
Os dedos trêmulos, as linhas tortas e o papel não era branco.
Desenhados com tinta preta dois corpos
Um olha o outro não sabe
Não sabe que é tudo, maior que o mundo, na sua finita pele
Na cor castanha de seus cabelos, no vermelho vivo de seus lábios
E no meio das palavras tudo se perde: a vergonha, o medo
Só fica a vontade de desmanchar os lençóis tão bem arrumados
De se perder nesse pequeno espaço
De se esconder no peito arfante. De ouvir o coração se acalmando
De sentir o suor banhando o caminho entre os seios
Os beijos se desmanchando e se refazendo na boca
O silêncio quebrado pela respiração em forma de apelos curtos
Mas no fim é apenas uma carta que chegou no lugar certo na hora errada.

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